Tipografia e Fontes na Publicação de Livros

Pode parecer algo simples, mas a escolha da Tipografia e Fontes na Publicação de Livros é algo muito difícil de ser feito e que exige muito conhecimento e experiência por parte do profissional.

Além disso, fazer com que as fontes tenham harmonia no layout depende de fatores como peso, tamanho e margens.

Assim, a Tipografia e Fontes na Publicação de Livros é uma arte e escolher a fonte mais apropriada vai permitir aos seus leitores uma boa experiência de leitura.

E ainda que este aspecto possa parecer “invisível aos olhos”, temos que considerar que a Tipografia seja discreta e não chame a atenção. Ao mesmo tempo em que deve ter uma harmonia com as formas gráficas que compõe o material para que a leitura seja agradável.

De fato, é muito difícil alguém reparar na Tipografia utilizada na Publicação. Ou você já terminou algum  e pensou: “nossa, essa reviravolta no final foi incrível, e a escolha da fonte Baskerville em 11pt deu um toque especial para a história!”?

Sendo assim, é quase triste a pouca atenção que se dá à escolha das fontes. Cada uma tem sua história (que muitas vezes remonta vários séculos atrás), e impacta a leitura, mesmo que sutilmente.

Assim, a escolha da fonte ideal, o seu tamanho, a medida das entrelinhas, etc, são aspectos fundamentais para a boa leitura do livro.

Uma fonte pode ser adequada para um livro de ficção, mas parecer um peixe fora d’água para uma biografia. O que funciona para um romance histórico pode não funcionar para um livro acadêmico.

História da Tipografia e Fontes na Publicação de Livros

Por muitos séculos, livros foram artigos de luxo.

A reprodução de um volume era feita à mão, dessa forma copiando letra por letra por um escriba, o profissional dedicado a essa atividade.

Assim a reprodução de um único exemplar podia levar anos, e uma biblioteca particular, na Idade Média, era uma excentricidade equivalente a uma coleção de Ferraris hoje em dia.

Isso mudou em 1450, quando Gutemberg inventou a prensa de tipos móveis.

Aliás, a ideia era simples: a prensa juntava vários carimbos em sequência, cada um com uma letra ou sinal gráfico (os “tipos móveis”), para formar o texto desejado.

Depois, é só passar na tinta e “carimbar” centenas de páginas por dia. Depois, rearranja-se os carimbos para reproduzir o texto da próxima página – e segue o trabalho.

Este processo inovador para época fez com que barateasse os custos e popularizou os livros de maneira inédita na história.

Aliás, foi nessa época, e nos séculos seguintes, que surgiram as mais belas e elegantes fontes, esculpidas à mão em minúsculas peças de madeira.

Assim, combinando as maiúsculas do classicismo romano com as minúsculas de textos antigos que inspiraram os melhores escribas da época, esses tipógrafos criaram essa peça fundamental para a linguagem em que todos nós nos comunicamos.

Desse modo, muitas das fontes dessa época são usadas até hoje, em publicações dos mais variados tipos.

A Anatomia da Palavra

Existem alguns tipos de fontes básicas, e há várias maneiras de classificar famílias de fontes, mas vamos ficar com os três tipos mais básicos:

• Fonte com Serifa
• Fonte sem Serifa
• Fonte Display

Fonte Com Serifa (ou Serifada)

As Serifas são os chamados “pezinhos” ou enfeites que algumas fontes apresentam em sua base ou em alguma extremidade.

De fato sua origem vem dos escritos à mão, quando a tinta na pena dos escribas deixava uma marca um pouco maior no fim ou começo da letra.

Assim, a Serifa ajuda a “amarrar” as letras, facilitando a leitura.

Quando lemos um texto, não interpretamos letra por letra, mas sim por blocos que formam as palavras.

A fonte Com Serifa mais famosa é a Times New Roman, ela foi criada para a edição londrina do jornal Times, em 1931), mas não é recomendada para publicação de um livro.

Dessa forma, seu design para linhas curtas não funciona tão bem em blocos de textos maiores e ela já é tão mundialmente utilizada que publicar um livro com ela daria a impressão de falta de profissionalismo.

Fonte Sem Serifa

As fontes Sem Serifa surgiram bem depois. Seu design resulta em linhas mais limpas, o que facilita a leitura em tamanhos muito pequenos (como em notas de rodapé) e em telas de computador.

Assim, elas tendem a dar uma cara mais moderna ao texto, muitas vezes baseadas em formas geométricas, mais do que inspiradas na caligrafia à mão.

Aliás, a fonte Sem Serifa mais comum é a Arial, ela é uma derivação de uma das fontes mais famosas que existem, a Helvetica. Ela é agradável e de fácil leitura, mas não serve para publicar um livro. Livros funcionam melhor em fontes Com Serifa.

Fontes Display

A fonte display não é indicada para corpo de texto.

Não apenas serve para títulos, como também para capas de livro ou, no máximo, algumas frases curtas em livros infantis.

Desse modo, seu objetivo é chamar atenção para si e ter um estilo mais marcado, o que a torna distrativa e pouco legível se usada em excesso.

Assim, usar uma boa fonte display na capa ou no título do texto é útil para ajudar a passar a sensação que a obra quer transmitir.

Sugestões de Fontes para Usar no seu Livro

Estas fontes costumam funcionar bem para muitos tipos diferentes de publicação.

• Baskerville

É uma fonte transicional que carrega características das fontes clássicas dos séculos XV e XVI, mas com pequenas atualizações no design. Ela possui o eixo das letras ligeiramente mais vertical e maior contraste entre linhas grossas e finas.

Desse modo, os caracteres também são mais regulares em forma e tamanho, o que dá mais consistência na leitura. Ela apresenta um design elegante e intelectual, mas de alta legibilidade inclusive em tamanhos pequenos. Funciona especialmente bem em ficção literária.

• Garamond

Garamond é uma das fontes mais usadas para impressos em todo o mundo e há motivos para isso. Ela foi criada no século XVI por Claude Garamond e, desde então, ganhou fama pela sua simplicidade e versatilidade.Ela tem ótima leitura em grandes blocos de textos e seu estilo neutro funciona em todo tipo de obra. Ela brilha em thrillers e livros de leitura acelerada, estilo Dan Brown.

• Caslon

Para obras acadêmicas e de cunho intelectual, a Caslon (contemporânea da Baskerville, mas ainda fiel às características das fontes oldstyle) pode ser uma ótima opção. Sua seriedade discreta empresta autoridade para qualquer tipo de texto.

• Utopia

Mais recente da lista, criada em 1989, a fonte Utopia apresenta um ar neutro e menos clássico que as outras. Ela serve muito bem em obras de não-ficção ou autoajuda.

Uma aparência moderna e acessível, mas sem parecer juvenil. É uma boa escolha se você quer dar um aspecto mais informal ao livro, mas sem precisar apelar para as fontes sem serifa.

• Sabon

Uma adaptação de Garamond dos anos 60, a Sabon tem um ar delicado e feminino, com curvas suaves. É perfeita para obras que focam neste público, principalmente romances. Também pode casar muito bem com ficção adolescente.

Experimente também:

• Palatino Linotype
• Book Antiqua
• Georgia
• Goudy Old Style
• Bookman
• Century Schoolbook

O Tamanho da Tipografia e Fontes na Publicação de Livros

Além de escolher a fonte ideal, é fundamental saber qual tamanho essa fonte deve ter no material.

Aliás, sempre pense em um equilibro para a fonte não seja muito grande a ponto de comprometer o layout e nem tão pequena que atrapalhe a leitura de algumas pessoas.

O mais comum é o livro estar escrito no tamanho de letra 10 ou 11.

Mas, por exemplo no caso dos livros infantis em que a audiência de leitores se situa entre os 5 aos 10 anos de idade, o tamanho de letra deve variar entre 12 e 14.

Mas, atenção, porque estas medidas também vão depender do tipo de fonte que escolher. Para tirar qualquer dúvida pode imprimir uma página e avaliar se o tamanho de letra que está a utilizar é adequado.

O Peso da Fonte

Antes de mais nada, podemos dizer que o peso da fonte é a espessura que ela tem.

As famílias de fonte mais simples costumam ter dois padrões de peso: Normal e Bold. Outras famílias maiores apresentam as variações: Thin, Light, Normal, Bold e Black.

Desse modo, as fontes finas costumam ser usadas para materiais modernos e que tem um apelo mais refinado.

A tipografia mais grossa pode ser usada para layouts mais pop ou com um apelo comercial maior, como o varejo, por exemplo.

Margens e Entrelinhas

De nada adianta escolher a fonte certa, mas aplicá-la da maneira errada.

Por isso, é muito importante ficar atento e respeitar as margens do texto. São elas que vão criar uma área de respiro no texto, mantendo uma área em branco e deixando a leitura mais agradável.

Além disso, a margem vai separar o corpo de texto dos demais elementos presentes no layout da página.

O espaço que existe entre uma linha e outra é chamado de entrelinha ou ritmo vertical. Quando uma linha está muito próxima da outra, a leitura fica mais pesada e difícil.

Por isso, é muito importante manter um respiro entre uma linha e outra para facilitar a vida do leitor.

Em resumo as Dicas para uma Boa Escolha da Tipografia e Fontes na Publicação de Livros são:

1) Nunca se esqueça que Tipografia tem que ser legível. O objetivo é que ninguém repare na fonte enquanto lê – simples, clássico e legível costumam ser boas escolhas sempre.

2) Recomenda-se fonte Com Serifa para textos impressos e Sem Serifa para digital (e-books).

3) Alterne fontes Com e Sem Serifa para o corpo de texto e títulos dos capítulos.

Contudo experimente várias combinações de fontes para título e corpo de texto, esta é uma velha técnica do design e funciona.

4) Se a obra vai ser impressa, imprima testes com as diferentes opções de fontes com o mesmo papel, gramatura, tamanho e diagramação que terá o livro. Fontes parecem uma coisa na tela do computador, outra em tinta.

5). Escolher uma fonte econômica, que consegue dispor mais caracteres por página sem comprometer a legibilidade, diminui o número de páginas do livro.

Assim, uma fonte em tamanho 11pt pode ter dimensões e espaçamento diferentes que outra fonte em 11pt.

Mas cuidado: nunca sacrifique legibilidade para deixar o livro mais compacto!

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